quinta-feira, 11 de abril de 2013

A criança aprende a linguagem por meio de gramática


De acordo com estudos não é a repetição de palavras que leva a criança a aprender, e sim a gramática.

Um estudo realizado por Charles Yang, professor da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos,


sugere uma nova explicação para como as crianças aprendem a se comunicar. A hipótese comumente aceita pelos pesquisadores é a de que as crianças aprendem uma língua por imitação e memorização daquilo que ouvem e não são capazes de combinar palavras livremente. Mas, para Yang, essa não é a explicação correta. De acordo com o pesquisador, seu estudo mostra que o linguista americano Noam Chomsky está correto no que diz há muitos anos: a linguagem é um instinto humano.

Na pesquisa, publicada nesta segunda-feira, no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, Yang propõe que o aprendizado das crianças se dá primeiramente por  regras gerais, ou seja, gramática, e não através da memorização de séries de palavras. Isso significa que elas seguem um modelo lógico para juntar palavras quase idêntico àquele usado por adultos falantes do mesmo idioma.

"Já se sabe que a linguagem das crianças é mais complexa do que seu discurso revela. Por exemplo, elas entendem a linguagem melhor do que conseguem falar. E há histórias de pessoas famosas, como Einstein, por exemplo, que demoraram para falar, mas assim que começaram tinham a gramática perfeita – elas apenas não gostavam de falar!", explicou Yang ao site de VEJA.

Para chegar a esta conclusão, Yang analisou frases formadas por um artigo e um substantivo na língua inglesa. Ele observou que a frequência que as crianças combinam artigos definidos ou indefinidos (no caso do inglês, "a" ou "the") com cada substantivo era quase idêntica a dos adultos. De acordo com o autor, mesmo nos estágios mais iniciais do aprendizado da linguagem, as crianças raramente cometem erros no uso dessas estruturas. "Combinações agramaticais, como “the a dog” (“o um cachorro”) e "cat the" (“gato o”) são praticamente inexistentes", escreve Yang no artigo.

O autor utilizou no estudo nove amostras de discurso de crianças que estavam aprendendo a formar frases em inglês americano, assim como amostras presentes no corpus de Brown. Em linguística, um corpus é um conjunto de dados coletados com intuito de servirem para pesquisa de uma língua. O corpus de Brown, com um milhão de palavras em inglês americano, foi compilado pelos linguistas W.N. Francis e H. Kucera, da Universidade de Brown, com base em textos publicados em 1961 nos Estados Unidos. Ele é considerado um dos primeiros corpora eletrônicos existentes.

Primatas – Yang comparou esses dados com o registro do desenvolvimento da linguagem do chimpanzé Nim Chimpsky, que aprendeu a Língua de Sinais Americana (American Sign Language, ASL) para a realização de um estudo sobre aquisição de linguagem na década de 70. Nim foi separado de sua mãe com dias de vida e passou a ser criado como um ser humano, em uma família americana. O objetivo do estudo, conduzido por Herb Terrace, professor de psicologia da Universidade de Columbia, era descobrir se o animal, devido à sua criação, poderia aprender a utilizar a linguagem para se comunicar.

Quando o estudo foi encerrado, quatro anos depois, Nim sabia 125 palavras em língua de sinais, e seus professores acreditavam que ele era capaz de juntar palavras e se comunicar. Porém, ao analisar os dados coletados, Terrace concluiu que o chimpanzé havia apenas aprendido a imitar os gestos dos pesquisadores a fim de conseguir as coisas que desejava.

Yang afirma que seus resultados confirmam a conclusão de que Nim aprendeu apenas a fazer imitações de sinais, e não a utilizar a gramática, característica principal da linguagem humana.

O autor não descarta o papel da memória na aquisição da linguagem, dando como exemplo o fato de que é preciso memorizar palavras para se expressar por meio da fala, mas "os resultados mostram que a memória não substitui o poder combinatório da gramática, mesmo nos estágios iniciais do aprendizado da linguagem", escreve Yang. Para o pesquisador, esses resultados podem ajudam a avaliar o desenvolvimento da linguagem em crianças.

Saiba mais: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia (Fonte)

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